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Mate a sua saudade da Nossa Terra

DÔE PARA O BLOG DE FRANCISCO SANTOS - PI 6h5q4d

domingo, 25 de julho de 2010 6f3h2d

Capa do Livro de Francisco Santos e um capitulo. "Congratulções ao Sr. João Bosco" 3v6w2


(N) O F E U D O

S A N C T O R U M

1. F R A N C I S C O S A N T O S

A Emancipação Política

QUE O HOMEM É UM ANIMAL POLÍTICO, isso já afirmava Aristóteles, filósofo grego que viveu entre 384 e 322 a.C. Não era diferente o nosso homem de Jenipapeiro, comunidade endogâmica, fundada por dois casais de baianos a partir de 1818. Como era natural, tinha de organizar-se politicamente para poder levar uma vida associativa saudável.

Acreditamos que, guardando semelhança com todas as comunidades primitivas ou principiantes, a nossa teve que se basear, pelo menos nos primeiros tempos, na necessidade de se criar um líder ou chefe, a pessoa capaz de exercer domínio e poder sobre as demais e de enfrentar eventuais ataques externos. Não obstante o surgimento desse líder ou chefe acontecer mais ou menos de maneira natural, via de regra quem irá impor-se será aquele que se destacar na comunidade, por diversos fatores, mormente o econômico, podendo-se vislumbrar aí resquício da teoria darwiniana da Seleção Natural, em que sempre vence o mais forte.

Esta noção, que se confunde com a noção primitiva de Deus, tanto ou mais se tornará arraigada se esse líder ou chefe exercer sua autoridade baseado no respeito mútuo, no livre arbítrio e na justiça, desenvolvendo suas ações com pulso firme, mas sem imposições ou autocracia. As vias da força, do autoritarismo e/ou da arbitrariedade, conforme assevera Maquiavel, poderão também engendrar líderes; esses, porém, serão sempre temidos, jamais amados e respeitados.

Assim, cremos, plasmou-se nossa comunidade: à sombra de um grande líder.

No início do século XX, já a grande família ancestral se havia partido e repartido em ramos múltiplos, embora ainda conservasse o forte traço endogâmico e endogênico e o sentimento de clã e parentela.

Em 1918 falecia em Picos o senhor Antônio Rodrigues da Silva, no exercício da Intendência, deixando como sucessor e continuador de sua obra e legados políticos o parente e conterrâneo Cel. Francisco Santos, a quem iniciara na atividade (Silva Neto, 1985, p.77).

Assim, ficava em Picos, cidade-mãe, pólo de maior fermentação sócio-econômica e política, o filho da terra, Cel. Chico Santos; e cá, o seu irmão Licínio Pereira dos Santos, figura humana de valor incomparável. Tomando a democracia no sentido mais amplo da palavra, aquele em que todo o poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido; e a política como a ciência do governo dos povos, ele não exerceu cargos públicos e nem funções políticas. No entanto, segundo Silva Neto, foi, durante décadas, o líder natural, o conselheiro, o guia, o amigo, ouvido e respeitado por toda a população (p. 77). Palavras como casuísmo ou fisiologismo, tão atuais, não se conheciam em sua época. Seu Licínio jamais teve delas o sentimento, muito menos as pôs em prática.

Juiz de paz, conciliador, conselheiro e amigo, anfitrião de padres e demais autoridades religiosas, dono das chaves da igreja desde l9l8, encarnava muito bem a figura do patriarca, do grande líder, do chefe justo a quem todos amavam e respeitavam.

Mas a comunidade crescia. Alguns elementos "de fora" começavam a quebrar o sistema de casamentos entre membros da família ou de parentes próximos, dando feições novas aos componentes da fechada comunidade familial jenipapeirense.

Também em Picos uma nova família começava a surgir, impondo lideranças novas ou pelo menos entrando em processo de conflito, senão em franca atitude de contestação ao dominante clã dos Santos, onde o nosso Coronel Francisco de Sousa Santos era figura proeminente. Registre-se, a bem da verdade, que não apenas a esse fato do entranhamento familial, entre nós, com “ramos de fora” deveu-se a formação de novas lideranças. Elas foram surgindo por razões diversas como, p. ex., o crescimento da população, a conseqüente ampliação da parentela e dos grupamentos e, inclusive, pelo anseio natural (e muito humano) de participação do poder político, mormente quando Jenipapeiro começou a desfrutar de certa importância no cenário municipal da cidade de Picos. Tanto isso é verdade que já em 1935 o vilarejo foi elevado à condição de povoado.

Em Jenipapeiro, essa ala dissidente teria como partidários maiores os senhores Francisco Rodrigues de Sales, vulgo Chodó (a grafia com ch ele mesmo explica que é para diferençar de xodó: chamego, namoro) e Arlindo Rodrigues Lima, cuja oposição, embora débil, haveria de manter-se em firme trincheira, na defesa de seus ideais ou interesses, tanto assim que, em conluio com o então deputado estadual Helvídio Nunes de Barros, derrubariam em l956 o primeiro projeto de elevação do povoado Jenipapeiro à categoria de cidade.

Ressalva, porém, se faça quanto ao surgimento dessa tíbia oposição iniciada pelos senhores Chodó e Arlindo Lima. Ela se deu por motivos pessoais, embora, depois, tenha entrado com muita força o fator político, em vista mesmo da importância política que o povoado vinha adquirindo.

Chodó, segundo narrou-nos seu filho Deusdédite, fora fiel seguidor do Cel. Chico Santos, a ponto de, a cada eleição, convencer seus amigos e seguidores a irem, a cavalo, votar em Picos no candidato que “Seu Chico” indicasse. Certa feita, porém, em um dia qualquer dos anos 1939 ou 40, João de Zé Belchior, tido como débil mental, pôs-se na frente de sua casa (casa de Chodó), a fazer gestos obscenos para sua mulher e filhas. Não gostando daquilo, Chodó tomou-o pelo braço e foi entregá-lo na casa do pai, 50 metros adiante. Zé Belchior não gostou e foi denunciá-lo na delegacia de polícia, em Picos. O tenente Inácio, então comandante do policiamento daquela cidade, ao receber a ordem de prisão e verificar a pessoa de quem se tratava, recusou-se a cumpri-la, dizendo: Conheço Chodó, é um homem de bem; não vou cumprir este mandato, não.

Chodó, achando que teria havido endosso da família Santos no episódio, em Jenipapeiro ou em Picos, ficou desgostoso e ou, então, a divergir e fazer oposição política à família.

O caso de Arlindo foi motivado por uma questiúncula. Trata-se do fechamento de uma janela que um partidário da família Santos teria deixado aberta em um muro confrontante com um terreno seu. Arlindo, após reclamar e não ser atendido, decidiu fechar a janela por conta própria. O dono não gostou e entrou em perseguição ao vizinho, com ânimo de aplicar-lhe um corretivo, só não o fazendo porque o perseguido chegou primeiro aos seus domínios, no Alto de Zé Lima, onde morava. Essa tentativa de ajuste de contas se deu por instigação de Chico Elpídio, embora sendo ele cunhado de Arlindo. Este, que era correligionário dos Santos, sentindo nisso o dedo político dessa família, igualmente como acontecera a Chodó, ficou desgostoso e também ou a fazer oposição. (A defecção de Arlindo nos foi relatada por Simplício Morais Santos).

A queda do Estado Novo, em 1945, abalaria bastante o prestígio do Cel. Francisco de Sousa Santos em Picos Esse fato político também teve repercussões em todo o estado, tanto que nas eleições gerais de 1946 o PSD perderia o governo do estado para a UDN, que apresentara como candidato Rocha Furtado, médico dedicado, de caráter ilibado, mas sem nenhuma prática política. Talvez em razão dessa inexperiência, seu governo se tenha caracterizado por perseguições a oposicionistas, por solicitações, pressões e mesmo exigências de correligionários revanchistas, por todo o território piauiense.

Com a sua assunção ao governo, em 1947, a oposição aria a exigir do governador a demissão de todos os funcionários demissíveis, simpatizantes do PSD, ou a transferência daqueles que tinham alguma estabilidade para lugares totalmente fora de rota, como foi o caso de dona Mariinha, transferida para Uruçuí - PI. Arbitrariedades outras também se perpetraram, inclusive no âmbito policial, como, p. ex., o empastelamento de jornais e até mesmo execuções de desafetos, por encomenda. (Vide Roda Viva, de Cláudio Pacheco). Essa oposição em Jenipapeiro começara frágil, mas em poucos anos já se fizera bastante robustecida. Aproveitando a deixa, também entraria na mesma dança, pedindo cabeças e mais cabeças de pessoas ligadas à destronada oligarquia dos Santos, em nível local e em Picos. Essas pressões eram exercidas através de Helvídio Nunes de Barros que, nesse tempo, ainda não era detentor de mandato de deputado estadual, mas se ensaiava como o grande líder em que mais tarde se tornaria. Tanto assim que se elegeu prefeito de Picos na 3ª legislatura, tomando posse em 31.01.1955. (Lavor, 2006, p. 39). Esses oposicionistas, liderados por Chodó e Arlindo Lima, chegariam a polarizar atenções e a estremecer alicerces situacionistas, ao ponto de arrebatarem, anos depois, o governo do município.

Era em um tempo em que, pelo menos para nós, a política era esse tecido de amadorismo, de amor e paixão pelo líder e pelo partido. O Cheiro das grandes e podres negociatas ficava longe, deixando a nós o romântico idealismo que separava antago­nistas, apelidados CARETAS uns, se eram da UDN; e MACACOS outros, se pessedistas.

Criança de 6 para 7 anos, ainda nos lembramos do pleito de l950, com seus alegrões, que depois se chamariam comícios e mais tarde showmícios. A mídia eletrônica, criação mais recente, é mais prática e eficaz, porquanto atinge milhões e milhões de uma só vez, sem as inconveniências das vaias, dos tomates e dos ovos podres. Antigamente, eram festas alegres, em que se distribuíam aluares e gasosas e o candidato-orador ainda podia olhar no olho de seu eleitor para pedir-lhe o voto; porque em suas promessas havia alguma intenção sincera e em sua cara, alguns laivos de vergonha. Assim o era, pelo menos o político dos povoados e vilas, aquele que mais próximo ficava de suas bases.

Assim crescia Jenipapeiro, social, econômica e politicamente. O pequeno vilarejo de l918 tornara-se povoado em l935. Na década de 1950 (3ª legislatura, 1955), produziria dois vereadores: Izac Pereira dos Santos, pelo PSD; e Francisco Rodrigues Sales, pela UDN; e na 4ª, Elizeu Pereira dos Santos, pelo PSD.

Não nos foi possível encontrar projetos específicos apresentados por Izac e Elizeu. Deste último, o trabalho maior foi o de empenhar-se com toda garra no projeto de independência político-istrativa de Jenipapeiro. Com relação a Chodó, sua bisneta Cleânia desencavou vários deles na Câmara Municipal de Picos. Especificamente sobre Jenipapeiro, Chodó conseguiu um crédito de CR$8.000 para desapropriação da residência do Sr. Firmino Carvalho. Essa casa, para quem não se lembra, ficava fora de alinhamento, avançando cerca de 5 (cinco) metros no leito da rua que vai do Mercado Público em demanda do Saquinho. Era um monstrengo enfeiando o eio público. Foi de muita serventia o projeto de sua retirada.

Como se pode perceber, ávamos a influir, dessa forma, na vida político-istrativa da cidade de Picos. A partir daí o sonho de alçar vôo maior aria a ocupar espíritos e mentes dos representantes do PSD, com forte oposição dos udenistas, em esmagadora minoria.

Mas esse é um capítulo cheio de tramas e traições, que se arrastaria por muitos anos, até culminar com o sonho maior de toda a gente. Queríamos, ao escrever nossas cartas, começar assim:

Francisco Santos-PI, tanto de tanto etc...

* * *

FRANCISCO SANTOS-PI., 24 de Dezembro de 1960!

D a t a h i s t ó r i c a !

Não se chamou GERALHO, como queria Mundico de Boronga (o segundo mais famoso autodidata da terra, professor emérito; que o primeiro era o mestre Miguel Guarani, sem sombra de dúvida). GERALHO, substantivo novo, de sua invenção, para significar: Terra do alho, que gera alho. GERAR + ALHO. Muito apropriado. Mas não o quiseram os grandes do lugar. Aliás, nem o levaram em consideração.

- Mas, Geralho? O que é Geralho? - pergunta o chefão.

- Geralho é uma palavra nova, que quer dizer: Terra do alho, que gera alho.

- Mas por quê? - ele insiste.

- Para traduzir algo nosso, aquilo que é símbolo da terra, do nosso trabalho - responde Mundico.

- Francisco Santos é bem mais nosso. É o nome do benfeitor desta terra, daquele que muito fez por nossa gente - contrapõe um outro liderado.

- Por que não se deixa então JENIPAPEIRO? - insiste o professor.

- O nome é Francisco Santos mesmo - ecoam em uníssono todos os notáveis e puxa-sacos penetras.1 É uma justa homenagem a quem tanto fez por este povo.

O Sr. Francisco de Sousa Santos, carinhosamente chamado “Seu Chico” ou “Chico Fartura” pelos mais chegados, e de Coronel Chico Santos por todos de modo geral, foi inegavelmente um benfeitor, o parente e amigo que jamais faltou ao conterrâneo que lhe batesse às portas. Se pedia rancho, lá estava o grande telheiro para armar a rede, a bóia na mesa, a quinta para os animais; se precisava de um papel, um documento qualquer, ele se prontificava a arranjar; se carecia de um médico, havia o Dr. Moura, seu filho, a dar atendimento digno e desinteressado. O Dr. Moura atendia a todos os chama­dos. Se houvesse dinheiro, recebia; se não, recebia uma galinha, um agrado qualquer. Se não havia nada, o "muito obrigado" era paga suficiente.

- Então - conclui Elizeu, líder político e irmão do homenageado, o homem que conduziu todo o processo, sem descanso e esmorecimento - então, como eu dizia, todos estão de acordo? A cidade vai se chamar FRANCISCO SANTOS?

FRANCISCO SANTOS!

Explodem as palmas.

E o autodidata, diretor da Escola Reunida Franco Rodrigues, calou-se, vencido. O filho de Boronga e de Carmina, desgostoso, e achando que não teria mais vez na futura cidade, sua terra-berço, mudou-se para São Paulo, e hoje, segundo esparsas notícias, vive muito bem em uma cidade do interior paulista.

* * *

FRANCISCO SANTOS - PI., 24 de dezembro de 1960!

Essa é a data oficial de instalação da cidade de Francisco Santos, antigo povoado de Jenipapeiro, desmembrado do município de Picos.

A festa para receber o Governador e sua comitiva fora preparada com esmero. Ruas enfeitadas de bandeirolas, desde o largo da igreja até o final da Rua do Tetéu, na entrada da cidade, banda de música contratada em Picos para a recepção, e baile logo mais à noite, além de lauto banquete para as autoridades.

Já de longa data preparara-se a população para o grande dia, mandando recompor a pintura das casas (à exceção de uns poucos adversários mais ferrenhos), renovando o guarda-roupa, tomando outras providências, de forma que nada pudesse sair errado. Afinal, era um acontecimento único e inédito e todos desejavam apresentar-se da melhor maneira possível.

Por volta das l5:00h daquele sábado quente, uma comissão de notáveis se deslocou até a BR-3l6 para esperar Sua Excelência, o Governador, com a sua comitiva de ilustres Deputa­dos e Secretários de Estado, cujas presenças haviam sido confirmadas.

E haja o povão a esperar. Caras para o sol, suor e sede, era preciso muita conversa para dissimular a impaciência e a ansiedade. O tempo ando; dá l6 horas, dá l7. São rasgadas as primeiras bandeirolas, há ameaça de invasão da rua e de rompimento do cordão de isolamento.

De repente, um sinal: estouram os foguetes, lá pela altura das Três Baixinhas.

“Até que enfim!” - murmura a turba, irrequieta.

Aproxima-se a caravana. A multidão se move. Espicham-se os pescoços. Encompridam-se os olhares.

“Cadê o carro oficial">

terça-feira, 13 de julho de 2010 t4r2r

Homenagem ao Conterrâneo, de João Bosco ao 1º Prefeito eleito pelo voto popular em Francisco Santos, Simplicio de Moraes Santos 3m3o3m

7º Homenageado: Simplicio de Moraes Santos

ENTREVISTA REALIZADA COM O SR. SIMPLÍCIO MORAIS SANTOS, EM 02.10.2009, PRIMEIRO PREFEITO DE FRANCISCO SANTOS, ELEITO PELO VOTO POPULAR PARA O MANDATO DE 1963 A 1966

NOME: Simplício Morais Santos

DATA NASC: 06.05.1930

FILIAÇÃO: Elizeu Pereira dos Santos e Rosa de Morais Santos

ESTADO CIVIL: Casado *

PROFISSÃO: Comerciante (aposentado, mas ainda em atividade)

GRAU DE INSTRUÇÃO: 1º. Grau

* Casado em 1ªs núpcias com Alzira Rosa dos Santos, com quem teve os seguintes filhos:

- Maria Oneide Santos – formada em Psicologia

- José Wilton Santos – formado em Geografia (falecido)

- Neide Maria Santos – formada em Economia

- Simplício Santos Filho – formado em Agronomia

- Rosemary Santos – formada em Odontologia

- Francisca Magna Santos – formada em Letras e Direito

- Izac Pereira dos Santos Neto – formado em Jornalismo

* Casado em 2ªs núpcias, com Maria do Socorro Santos, com quem gerou os seguintes filhos:

- Romildo Francisco dos Santos – Médico Veterinário

- José Ronaldo dos Santos Morais – Economista

- Antônio Renato de Morais Santos – falecido

- Rita de Cássia Santos – a de Empresas

- Reseane de Morais Santos – Educação Física

- Márcia Fernanda de Morais Santos – Ciências Contábeis

- Elizeu Pereira dos Santos Neto – Médico

- Manoel Felipe de Morais Santos – Estudante de Medicina – 8º. Período

JOÃO BOSCO: Meu caro Simplício! Pela prole acima enumerada, bem se vê que você é um pai herói de 15 filhos. O “herói” aqui não se justifica pelo número, mas pela educação que você conseguiu dar a eles: todos com formação superior. Isso é muita coisa, principalmente para quem como eu – e muitos outros – conhece de perto a sua luta. Antes de entrarmos no cerne de nossa entrevista, que é, eminentemente, de caráter político, gostaria que você relatasse, de forma sucinta, sua atuação profissional, até para servir de exemplo para muitos pais de família que, com muito menos filhos e, talvez, com menos dificuldade, entregam-se ao desânimo ou mesmo, não raro, abandonam o lar, fugindo da responsabilidade e deixando tudo a cargo da infeliz consorte.

SIMPLÍCIO: Meu pai, antes de vir para Jenipapeiro, morou em uma fazenda, no interior de Picos, no lugar chamado Estreito. Foi aí que eu nasci. Só algum tempo depois foi que minha família retornou à terra natal. Assim, sou picoense de nascimento. Até por volta dos 14 anos, laborei na lavoura, executando os serviços próprios do campo, inclusive o trato com gado, posto que nossa família também atuava neste ramo. A partir dos 14 anos, tornei-me auxiliar de comércio, trabalhando numa loja de meu pai, um misto de mercearia e bazar, posto que lá se vendia de um-tudo: desde tecidos, ando pelas miudezas de uma bodega até comprimidos, como cafiaspirina, veramon, xaropes e algumas beberagens e cascas de pau, produtos da medicina homeopática. Um pouco mais tarde, ei a vendedor ambulante, o que, naquela época, significava sair vendendo seus produtos no dia da feira. Na sexta, dia da feira em Jenipapeiro, ajudava na loja. No sábado de madrugada, partia para a feira no Riachão, e no domingo bem cedo seguia para Alagoinha, cuja feira se realizava nesse dia. Isso tudo em lombo de burro.

Em 1962, adquiri uma loja de tecidos de Pedro Bento, em Jaicós, negócio a que me dediquei até dezembro/65. A morte de minha primeira esposa e meu segundo casamento, mais ou menos nessa época, desarrumaram um pouco minha vida doméstica e eu resolvi mudar-me para Teresina, fato ocorrido em 03.07.66. Em Teresina, fiz sociedade com José Timóteo, em armazém de secos e molhados. Em janeiro de 1968, a sociedade se dissolveu em virtude da mudança de meu sócio para Fortaleza. A partir daí fui corretor de veículos, e de 1969 até 1980 abracei o ramo de vacaria, paralelamente com a atividade mercearia e de transporte escolar. A vacaria, antes localizada na Socopo, foi depois transferida para a localidade Anajás, propriedade maior e mais estruturada, atividade que encerrei em 1992, por me julgar cansado para tal serviço. Daí em diante, amos, eu e minha mulher, a comerciar com peças íntimas, negócio que nos sustenta até hoje.

Apesar da casa cheia de filhos, ainda recepcionava os parentes, da minha e da família de minha mulher, que não eram poucos, muitos dos quais nos procuravam para tratamento de saúde. Fazíamos o encaminhamento de todos, sem queixumes ou lamentações, mas com a alegria de poder prestar assistência a quem buscava auxílio na hora da necessidade ou da aflição.

E fomos vencedores, graças a Deus!

JOÃO BOSCO: Não preciso de nada melhor para qualificá-lo que o epíteto de HERÓI!

quarta-feira, 7 de julho de 2010 6j4x3r

Homenagem so Conterrâneo, de José Carmo a Licínio Pereira. 3u91j

6º Homenageado: Licínio Pereira

O irável Padrinho

Era o início do quarto trimestre de 1962. Estudava e prestava o serviço militar na vizinha cidade de Picos. De repente, vi-me nomeado Escrivão Interino do Cartório de Registro Civil, da cidade de Francisco Santos, em substituição à bela e educada Rosita. Esta mudança estava atrelada ao jogo político do momento, ocasionado pela posse do Sr. Tibério Nunes, na vaga deixada pelo Governador Chagas Rodrigues, que pertencia a outra agremiação política.

Com a investidura naquele cargo, nas circunstâncias já descritas, tornava-se imperativa a minha ida semanal à cidade de Francisco Santos. Em uma destas ocasiões, lembro-me atravessando o beco que separava as casas de Areolino e de João Velho (hoje de outros proprietários). Em sentido contrário, aproximava-se de mim a figura tão conhecida e estimada de meu padrinho de procuração (o efetivo era o meu bisavô Germano Barbosa, residente em Valença-PI). Como de hábito, estendi-lhe a mão pedindo sua bênção. Após o rápido cumprimento, defrontei-me, de súbito, com a intrigante pergunta: quantos casamentos já realizou, indagava o meu padrinho? Antes mesmo que pudesse cogitar qual o seu real significado, ouvi estrepitosa gargalhada, marco final daquele breve encontro.

Segui em frente tentando decifrar o mistério contido naquele gesto inusitado. Percebia tratar-se de fina ironia, mas não sentia nenhum laivo de ofensa. Acaso o meu padrinho estaria insinuando que não tinha capacidade para o exercício daquele ofício? Ou queria ele dizer que a maioria esmagadora do povo (que ara à oposição) deixaria de procurar os serviços cartoriais, somente como uma forma de protesto? Era um verdadeiro quebra-cabeça, na minha imaturidade de então, não chegando, portanto, a nenhuma conclusão, naquele momento.

Algum tempo depois tomava conhecimento, por força da própria experiência, da razão por que o casamento civil em Francisco Santos era tão raro, naquela época. Muito simples: a maioria dos nubentes aguardava o período eleitoral, com o suspeito propósito de que o ônus financeiro fosse assumido por algum candidato ou partido político. Estavam, pois, dirimidas as minhas dúvidas e o aparente enigma não mais subsistia. O meu padrinho se valeu desta informação, que já era de seu conhecimento, para exteriorizar a sua habitual e jocosa verve.

Quem conheceu Licínio Pereira vai concordar comigo. Era um homem de coração imenso, de sentimentos nobres. Exemplificou em família e fora dela, sempre amparado nos bons princípios. Amoroso, comivo, afável no trato, alegre, acolhedor, era realmente um homem de bem. Pecados certamente ele os tinha, mas suas qualidades e virtudes predominavam a tal ponto que, de pecador, parecia mais com um santo.

Caráter reto, conduta ilibada, foi um farol a guiar sua geração. Entre tantas qualidades importa ainda acrescentar seu lado indulgente, como se pode depreender do seguinte acontecimento que era comentado entre as pessoas mais íntimas: teria ele se deparado com um amigo do alheio em plena ação dentro de propriedade sua e tomado a decisão de retroceder sem um pigarreio sequer, para não ferir aquele coração em desalinho.

Por longo tempo foi dos interesses materiais da igreja católica local, quando ela ainda se posicionava no sentido norte/sul, na Rua de Baixo, como era conhecido o quadrilátero formado atualmente pelas ruas S. José, Simplício Pereira e Praça Licínio Pereira

Na sua casa se hospedavam o padre, o sacristão e outros dignitários que de vez por outra visitavam o então povoado de Jenipapeiro. Naquelas oportunidades sua residência se transformava no centro das atenções, o ponto para onde se convergiam todos os olhares.

Quantos corações ele confortou! Quanta alegria ele proporcionou! Quantos exemplos de desprendimento e decência ele legou à posteridade! Figura carismática, era muito respeitado e querido pelos seus conterrâneos, justificando plenamente um lugar de melhor destaque nos anais de nossa cidade.

Portanto, que estes singelos comentários sirvam pelo menos como estímulo a quem, melhor dotado de recursos literários, se disponha a fazer o merecido registro histórico desta extraordinária personalidade, cujo brilho tanta falta faz nestes tempos de apagão moral.

José Carmo Filho

Nota. O autor, para quem não o conhece, é filho de José Carmo da Silva e Ana Maria dos Santos, já falecidos, e irmão de Maria Ana, Pepeta, Toinha, Luis e Enói.

quarta-feira, 30 de junho de 2010 6y76f

O Titulo do Novo Livro Sobre a Nossa Cidade Causa Polêmica. 6s5r5o

O escritor João Bosco da Silva, nosso conterrâneo criador do nosso lindo Hino municipal, irmão do Professor Mariano escritor do 1º Livro da nossa cidade, está escrevendo o novo livro sobre Francisco Santos e está recebendo algumas criticas sobre o titulo do livro; Jenipapeiro: A Terra dos Espritados. O escritor escreveu um texto explicando a nossa tão conhecida e usada palavra "Espritado" e o porquê da escolha dela para fazer parte do titulo do livro.

O texto a seguir foi completamente escrito pelo Autor do Livro João Bosco da Silva.

JENIPAPEIRO: A Terra Dos Espritados:

- "Mais isto é o diabo, Mané Loura! Inté aqui encronto este mangaiêro dos inferno pra me pressiguir... ô c'os diabo".

- "Mais é tu, Zé Nicó das profunda! Que que tu tá fazeno aqui neste lugar que o cão perdeu as espora? Ô espritado dos inferno!"

E os dois alheiros se abraçam com efusão.

Esse diálogo, fielmente reproduzido, de fato aconteceu entre os dois alheiros em Araguaína, quando aquela cidade era apenas um amontoado de casebres e ruas poeirentas. Ali estavam eles procurando descobrir mercados novos para colocação de seus produtos: o alho!

Como se depreende, espritado, aqui, está mais para um cumprimento amistoso, embora irreverente, que para um xingamento, não querendo dizer que tal não seja em outra situação. Espritado, no diálogo acima, é uma forma de externar alegria, não obstante o que se lhe segue como complemento: "dos inferno". Esse "dos inferno" é reforço, ênfase, nada mais que isso.

O termo comporta muitas significações. Espritado é um elogio à tenacidade, à teimosia, à persistência, à perseverança desse homem tão singular, que é o francisco-santense. Você é o cão, véi; Você é um home medõio; Aquilo, véi, é um condenado; Tu conseguiu vender teu ai por este preço, véi? Tu é mermo um espritado. Essas são expressões que se ouvem dizerem-se de uns e uns aos outros, seja entre os vendedores de alho, após suas rondas comerciais, seja na conversação mais banal.

Aurélio (1978), famoso dicionarista, aponta “espritado” como um brasileirismo do Nordeste, significando: “digno de iração; de extraordinária valentia”. Embora também consigne como: “pessoa possuída pelo espírito do mal”. Podemos garantir que esta última concepção a longe de nossa gente.

Queremos crer que o significado conotativo da corruptela tem derivação bíblica. Religioso como é o nosso povo, está arraigada em sua memória coletiva a história do Gênesis, que informa sobre como Deus, soprando nas narinas do seu Homem de Barro, fez insuflar-lhe vida, alma, ânimo – espírito, enfim. O espírito é, portanto, o sopro de Deus, o que faz a pessoa mover-se. Por extensão, o nosso espritado seria aquele que se movimenta com desenvoltura, que não desiste, que enfrenta com coragem os obstáculos, as dificuldades. Espritado é quem tem espírito de luta, como o nosso caboclo. É Fé e Esperança. É, pois, substância e qualidade.

Os nossos vizinhos de Santo Antônio de Lisboa, com vezo de deboche, ao entoarem o primeiro verso do hino de nossa cidade: "Francisco Santos, terra singular”, cantam: “Francisco Santos, terra de espritados". Ao contrário da caçoada, o que conseguem é confirmar – e realçar! - esse nosso espírito de luta!

Espritado é uma filosofia. Um modo de ser e de viver. É cair e levantar, é tocar em frente. É lutar contra o revés. Nós mesmos já ouvimos, em mais de uma oportunidade, o conterrâneo ser definido assim: Aquilo é o cão; é da terra dos espritados.

Existe o mangalheiro de Picos, de Bocaina, de Santo Antônio de Lisboa e de outras cidades ou povoados dos vales do Riachão e do Guaribas, onde, até em ado recente, desenvolveu-se fortemente a cultura do alho. Mas nenhum deles é chamado assim. Só nós, de Francisco Santos.

Vivamos nós, os ESPRITADOS! 1




1.Fomos informados, recentemente, numa reunião com professores (dez/2004) que o termo espritado está caindo em desuso, principalmente por parte da juventude estudiosa. Também agora (ago/2009), algumas pessoas, inclusive professoras, discordaram do uso desse termo para título do livro. Soubemos, inclusive, que um conterrâneo e até parente teria ameaçado lançar uma campanha para boicotar a venda do livro, caso o título não fosse mudado. Uma educadora, proprietária de um estabelecimento de ensino fundamental, nos disse pessoalmente que esse nome (espritado) nem mesmo pronunciaria. “Quanto mais, ler o livro!” – sentenciou.

A todas essas pessoas tentamos justificar o uso do termo, mas parece que não fomos bem-sucedidos. A resistência continua por parte de alguns. Em compensação, temos recebido declaração de apoio de dezenas de pessoas amigas, através de e-mails e oralmente, para que mantenhamos o título do livro: JENIPAPEIRO: A Terra dos Espritados. Assim, só nos resta atender os reclames desses futuros leitores, mesmo porque colocar outro título seria negar, completamente, o espírito de nossa gente, aquilo que ela realmente é: aguerrida, obstinada e capaz! E, devemos declarar, a mudança nos deixaria sangrando, visto que levamos mais de 30 anos na feitura desta obra, que reputamos traçar, de forma inequívoca, o caráter do nosso povo.

Mais uma vez tentando esclarecer, queremos enfatizar que o registro histórico deve ser o mais fidedigno possível. Afastar-se disso é, no mínimo, falsear a verdade dos fatos. Nós constatamos que se mudaram apenas alguns costumes, mas a obstinação, o espírito de luta e a versatilidade de nossa gente não mudaram. Não se mudam hábitos arraigados de uma hora para outra; nem mesmo em uma geração. A maneira de falar (mais véi, oi quisto), a mania de falar alto, o hábito de tratar quase todos por apelido (Boi da Moita, Cabelo de Rato) – são características nossas. O alunado, escolado em outros ambientes, daqui a algum tempo, quem sabe, estará ensejando essas mudanças. Mas, por ora, nós ainda continuamos com aquele aspecto matuto e brejeiro, embora desenvoltos e capazes de desembaraçarmo-nos de quaisquer dificuldades.

Por enquanto, esse aspecto do caráter de nosso povo continua o mesmo, e foi essa concepção que nos fez atribuir o título original, até como forma de homenagear nossa gente. A palavra espritado era amplamente usada, ainda o sendo atualmente pelas pessoas de mais idade. E nela, conforme se verifica na tentativa de explicação acima, não existe deboche, gozação, desdém. Muito pelo contrário: nela se expressa toda a extensão “biográfica” de nossa Terra e da teimosia de sua aguerrida gente.

segunda-feira, 28 de junho de 2010 1e3y4z

II ARRASTA PÉ EM FRANCISCO SANTOS, 03/07/2010 2s3y6f

VENHA VOCÊ TAMBEM PARTICIPAR DO II ARRASTAPÉ DE FRANCISCO SANTOS, QUE VAI SER DIA 03/07/2010 NA PRAÇA DO MERCADO. VENHA CURTIR UMA NOITE DE SÃO JOÃO INESQUECIVEL.



quinta-feira, 24 de junho de 2010 4w2p4m

Criação do Ponto de Cultura em Francisco Santos - PI 2k1me


As atividades do Projeto Ponto da Cultura "Artes da Terra", subsidiado pelo Ministério da Cultura/MINC, Fundação Cultural do Estado do Piauí/FUNDAC e apoio da Prefeitura Municipal.

Programação:

A solenidade de inauguração do espaço Ponto da Cultura aconteceu no dia 05/06/2010 às 19:00 no auditório da Escola Municipal Dona Filomena

No do dia 07/06/2010 iniciaram as inscrições para as primeiras oficinas de formação cultural, no Ponto da Cultura "Artes da Terra", localizado na rua Senador Helvídio Nunes, s/n no horário de 07:00 hs da manhã.

terça-feira, 8 de junho de 2010 4i6i14

Fotos Antigas de/ou em Francisco Santos - PI 5l3d1q

4ª Foto Antiga.

Foto de moradores de Francisco Santos, casal, Hosterno Manoel de Barros e Maria de Sousa Filha (ninha), foto não datada, e foi enviada por Alberto Barros.